quarta-feira, maio 31, 2006

CRÓNICA DE UM FÃ DE GUNS (2)

segunda parte
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«Appetite for Destruction» é ainda hoje, para mim e para muitos fãs de rock´n´roll, um dos momentos mais altos da história da música popular. Não posso precisar, à distância de já quase duas décadas, o que senti ao ouvi-lo das primeiras vezes, mas recordo ainda de forma impressiva um início de tarde televisiva na RTP 1 (naqueles tempos havia apenas mais um canal!), talvez no verão de 1989, em que o canal público de televisão colocou no ar um concerto de Guns n´Roses no Ritz de Nova Iorque em 1988 (pode parecer estranho, mas aquele concerto numa sala cheia de fumo, embalada ao som de guitarras carregadas de distorção, com «stage diving» do vocalista e penetras em palco, passou a seguir a um telejornal da uma da tarde, vá-se lá saber como e porquê – palavra de honra!). Absolutamente louco e contagiante, carregado de gaffes e com uma naturalidade estonteantemente agressiva, contemplando só os temas de «Appetite» (a versão integral do concerto existe em registo audio num cd intitulado «Reflexion», contendo alguns temas extra versão televisiva, como «Knockin´On Heavens Door», «Mamma Kin» e o inédito «Shadow of Your Love») que continuava regularmente a ouvir, aquele concerto pareceu-me o melhor cartão de visita que os Guns podiam apresentar aos seus fãs, ou quase fãs.

A partir daquele momento, a minha paixão por «Appetite» cresceu e depressa me levou a comprar o vinil de «Lies». Ouvi ambos até à exaustão e, à época, começava também a ceder às baladas, tidas até aí, pela minha pose “metaleira”, como peças secundárias. As hormonas que o expliquem provavelmente, mas «Sweet Child O´Mine» e Patience» passaram a figurar na minha lista de temas mais ouvidos e a embalar os momentos de descoberta e de despertar para uma nova vida.

Ainda hoje, quando ouço «Appetite» dou-me como surpreendido. O velho lado A da versão em vinil, de «Welcome To The Jungle» a «Paradise City», continua a ser qualquer coisa de notável. Pela produção de Mike Clink, pelos solos violentos e simultaneamente melódicos de uma clássica Les Paul nas mãos de Slash, pela rudeza punk do toque de palheta de Duff no baixo, pela guitarra ritmo seca e carente de preciosíssimos de Izzy Stradlin e, obviamente, pelo desespero e violência urbana lançada em cada palavra cantada por Axl Rose. Até o limitado Steven Adler na bateria brilha! – ele que seria o primeiro a abandonar a banda, consta que, por estar cada vez mais mergulhado no poço fundo da heroína. De todo aquele álbum, só «Think About You» ou «Anything Goes» parecem estar um pouco fora do contexto. As grandes canções estão todas lá, e longe de mim imaginar que, em versão mais soft (felizmente!), «Mr. Brownstone» assentaria como uma luva enquanto banda sonora de um determinado período da minha vida.

A loucura Guns n´Roses estava prestes a dominar o mundo. «Appetite» fora um dos álbuns mais vendidos nos Estados Unidos em 1988 (só batido nos tops pelo trabalho de uma boys band chamada New Kids On The Block), porém, na Europa, pouco mais que a família dos «metaleiros» ouvira falar da banda de Slash e Axl Rose. «Lies» (sobretudo devido a «Patience») e uma muito divulgada actuação dos Guns no
Rock In Rio (de Janeiro) em 1990 (donde saiu a versão de cd single do «Knockin´On Heavens Door») foram abrindo caminho ao fenómeno planetário que recuperaria o rock (não FM) para os tops, secundarizaria a decadente pop dos anos 80 e tornaria bandas outrora vistas como confinadas a públicos muito específicos em autenticas máquinas de vender discos. Os «Illusion» marcavam essa grandiosa aposta da indústria discográfica: pela primeira vez na história da música, uma banda lançava simultaneamente dois álbuns duplos. Foi, se não me engano, em Setembro de 1991. Os Guns lançavam-se aos palcos do mundo, rodeados de mitos, de escândalos e de lendas. Tudo sob os auspícios de uma máquina promocional de eficácia extrema que os tornava os pontas de lança de um rock´n´roll renascido para a vida.

Mas, para os fãs mais antigos da banda, a primeira baixa de vulto acontecia: Izzy Stradlin, após o lançamento dos «Illusion» abandonava a banda e abraçava uma carreira a solo. Nunca se soube ao certo a verdade por detrás das estórias contadas, mas consta que, por achar que os Guns já eram demasiado grandes para ele, Izzy decidiu abandonar o projecto. A outra versão estórica garante que o ambiente entre os músicos era absolutamente destrutivo, sobretudo as relações mantidas entre a banda e a «vedeta» Axl Rose. O certo é que sem Izzy, os Guns deixaram de fazer novos temas, ou não fosse ele responsável por mais de metade das canções da banda. A Matt Sorum, ex-Cult, que substituira Adler durante as gravações dos «Illusion», juntava-se um novo membro para a digressão mundial, o guitarrista Gilby Clarke. Sem qualquer pista para o prevermos na euforia do fenómeno, os Guns n´Roses no auge eram já uma banda com os dias contados!
(continua)
PRIMEIRA PARTE AQUI

segunda-feira, maio 29, 2006

CRÓNICA DE UM FÃ DE GUNS


Afinal, o intratável Axl Rose ainda mexe... Mal, muito mal, mas mexe!

A crónica de um fã de Guns ´n´Roses

após a fraude de sábado

no Rock In Rio Lisboa 2006.

primeira parte
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Naquele tempo, tínhamos o velho hábito de comprar os discos, gravá-los para as cassetes virgens e devolvê-los ao prelo. Só ficávamos com os registos originais daquilo que considerávamos essencial, clássico ou, somente, aqueles que nos davam algum estatuto só por tê-los. Eram os tempos do metal, do hard-rock, e até da afirmação das tendências que superavam tudo isso (trash, hard-core ou ruídos afins)!

Com os incontornáveis Iron Maiden à cabeça, seguiam-se as nossas bandas de culto: Slayer, Antrax, Wasp, Metallica, Megadeath, Judas Priest e um sem número de tantas outras que ora apareciam ora desapareciam, sem termos dado sequer a mínima conta disso. E, no marasmo, surgiam também os sons de distorção que vinham das mega urbes americanas e europeias, os alternativos ou aquilo que não estava na moda e se opunha ferozmente à decadência da pop naqueles idos de oitenta, e que não valorizava-mos, algumas vezes indevidamente.

Em Lisboa, havia um “santuário” onde era possível adquirir todos esses sons clássicos ou alternativos: a Torpedo, pequena discoteca situada no centro comercial da estação do Rossio, aos Restauradores. Os preços eram mais simpáticos que na Bimotor e a variedade de coisas novas sobrepunha-se à das grandes lojas. A vantagem acrescida é que o nórdico que geria a loja nunca se opunha a uma troca, desde que mantivesse-mos a integridade física da capa e do correspondente vinil.

Foi assim, nesses anos de despertar que, graças a uma visita do meu primo à Torpedo, descobri uma nova banda, surgida com o eclipsar de uma banda mais “pussy rock” que “metaleira” (da qual se dispensava tranquilamente viver, mas da qual ainda hoje guardo um decadente VHS de videoclips) chamada LA Guns. A nova banda eram os Guns n´ Roses, e o jovem Bruno «stone» (como lhe passámos a chamar nos nossos anos duros de rock´n´roll) não resistira à capa bem “metal” do disco. O álbum chamava-se «Appetite for Destruction» e era, no mínimo, desconcertante. Todo ele violência, sexo e drogas. Uff!!! – como um murro no estómago de adolescentes que ainda muito pouco percebiam da matéria, mas que ficaram imediatamente de sobreaviso para o que se estava a passar no rock lá para os lados de Los Angeles, Califórnia.

Vim a saber, dois ou três anos mais tarde, quando o “Knockin`” começava a abrir caminho ao grande fenómeno planetário que seriam os «Use Your Illusion», que o meu primo se libertara fisicamente daquele álbum fabuloso. Restava a minha velha cassete áudio, gravada num gira discos stereo e ouvida vezes sem conta, já com aqueles pequenos cortes do uso, e do abuso, naqueles reprodutores de som algo manhosos a que chamávamos leitores de cassetes. O meu grande orgulho, à época, é que, quando se falava de Guns antes do grande boom, eu disparava aquela cópia pirata. E graças àquela cassete - que acabaria por terminar os seus dias no interior de um «walkman» caído no fundo do Tejo, por obra e graça de uma namorada desastrada - muitos amigos conheceram Guns antes do tempo comum. Para mim, confesso-o hoje, era motivo de regozijo, e só me lamentava ter deixado ao meu primo a guarda do vinil original (até porque, aquando da reedição e do lançamento em cd, a capa original foi trocada por algo bem mais “soft” que a da edição de 1987)!

(continua)

quinta-feira, maio 25, 2006

RUI COSTA


Esta é a tua camisola!!!

O nosso «10» regressou a casa. Emocionado, e emocionando todos os benfiquistas.
Bem vindo ao teu clube, Rui Costa!

A.C. MILAN - COMUNICADO OFICIAL: RUI COSTA
O A.C.Milan comunica haver resolvido consensualmente o contrato estipulado com o jogador Manuel Rui Costa.
O A.C.Milan agradece a Rui Costa pelo esplêndido comportamento mantido dentro e fora do campo e pela preciosa contribuição técnica que no curso dos cinco anos em que vestiu a camisa rossonera levou à conquista de um scudetto, uma Copa Itália, uma Supercopa da Liga, uma Champions League e uma Supercopa Européia.

Le sensazioni quando sono forti non invecchiano mai. E' per questo, e non è un modo di dire, che sembra ieri. Notte di mezza estate, notte di inizio luglio: il campione portoghese è in Algarve, il suo procuratore in viaggio verso Roma, il suo futuro amministratore delegato al ristorante nel centro di Milano in attesa di una telefonata. Schegge in libertà, unite da una speranza ridotta al lumicino. Poi i sussurri e i sogni diventato tasselli. Il mosaico si compone e i tifosi rossoneri esultano come per una vittoria. Rui Costa non è stato un acquisto, ma un segnale: il primo passo verso Manchester. Dopo due eliminazioni consecutive nei gironi in Champions League, iniziava a prendere forma il Milan dei cinque successi in un anno e mezzo. Il capitano e Billy c'erano già, Gattuso e Shevchenko pure, Pirlo e Inzaghi erano appena arrivati ma non si erano ancora esibiti una volta in maglia rossonera. Il resto partiva da Rui. La scintilla dell'entusiasmo, la corsa verso Malpensa, la presentazione al Gallia, il passaggio delle consegne al Trofeo Luigi Berlusconi con Zvone Boban che consegna la maglia numero 10 al nuovo artista portoghese. Cinque anni che non sembrano cinque anni, un lustro che sembra una schioppettata. Diciannove partite: è il numero delle gare giocate, un vero e proprio campionato europeo, da San Siro/Liberec a Manchester nel 2002-2003. Quasi in ognuna di esse, Rui ne ha giocate diciotto, una giocata d'aria pura. Grazie per quella Champions e grazie di tutto. Nelle giocate di Kakà, caro Rui, vivrà sempre qualcosa di te.

fonte: AC MILAN HOME PAGE - http://www.acmilan.com/

SPORT LISBOA E BENFICA – O REGRESSO PERFEITO
Poucos minutos passavam das 20h30 quando o eterno “Príncipe da Luz” entrou pela sala de imprensa do Estádio da Luz, acompanhado por Luís Filipe Vieira, José Veiga e Fernando Santos (seu novo treinador e que frisou no final das emoções ser este «um regresso importante para a equipa», embora ressalvando que «todos os jogadores serão tratados de igual forma»). Os repórteres de imagem gladiavam-se pelo melhor ângulo, as emissões televisivas congelavam... os jornalistas sentiam o ambiente antes de lançarem as perguntas que o povo queria ver respondidas. Enfim, um ambiente digno da entrada de uma grande estrela num grande clube, como é o caso.

Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, deixou escapar, nos instantes iniciais da conferência de imprensa de apresentação do médio criativo, que «este é um dos momentos mais felizes» desde que assumiu funções no clube da Luz. «Concretizámos um sonho antigo, que era o regresso de um dos principais símbolos do Benfica. Trata-se de um homem que esteve ausente durante 12 anos, até porque teve um excelente percurso em Itália. Além de grande jogador, é um homem irrepreensível com quem tivemos muito perto de contar há dois anos atrás, mas que acabámos por não ter a oportunidade de contratar», contou Filipe Vieira.

No entanto, desta vez Rui Costa veio mesmo e Filipe Vieira contou como tudo se deu: «Falámos durante alguns meses e desde logo ele deixou ao nosso critério as condições do contrato. Aliás, ele assinou em branco, pedindo-nos para colocarmos, de seguida, a verba a receber. Acho que isto revela bem o desejo que ele tinha em regressar a casa», contou.

Regresso a casa de «coração aberto»; Rui Costa usou, então, da palavra, começando por agradecer aos clubes italianos por onde passou: «Tanto a Fiorentina como o Milan foram fantásticos comigo. Tenho de agradecer em especial ao Milan por ter-me deixado voltar a casa ao senhor Galliani por ter compreendido que este era o meu sonho». Revelando estar «nervoso», Rui Costa afirmou ainda sentir-se «emocionado e contente». «Estou aqui de coração aberto até porque sempre senti que esta era a minha casa», desabafou de pronto. Lembrando que chegou a assistir a jogos do Benfica, em Itália, «de cachecol ao peito», Rui reiterou a ideia de que «apesar de o dinheiro ser importante, existem prioridades na vida e o regresso ao Benfica era a principal». «Tinha de pagar esta dívida ao Benfica, já que foi este clube que me deu um amor do tamanho do mundo», contou.

Regressando ao passado, o “maestro” lembrou que «a questão dos ordenados nunca se colocou». «Simplesmente eu não podia regressar porque as transferências custarem mais do que se pudesse pensar», contou. Dessa forma, Rui Costa confirmou que assinou «em branco». «Não sou melhor que os outros, simplesmente tinha muita vontade de regressar e o dinheiro não era o mais importante para voltar», lembrou.

fonte: SL BENFICA HOME PAGE - http://www.slbenfica.pt/

sexta-feira, maio 19, 2006

A CHARADA «PACIÊNCIA»

Agora que a febre «Código da Vinci» chegou ao cinema e as charadas vão estar na moda, adivinhe porque é que o União de Leiria contratou Domingos Paciência, ex-treinador do extinto F.C. Porto B.
De modo a esclarecer tão «estranha» escolha por parte dos responsáveis leireenses, fornecemos as pistas possíveis para o conduzir à decifração de mais um grande enigma do futebol português:

PINTO DA COSTA
APITO DOURADO
ISABEL DAMASCENO
DISPENSADOS DO FC PORTO
TRANSPARÊNCIA NO FUTEBOL


Aceitam-se todas as decifrações possíveis e imaginárias à charada «paciência», sabendo de antemão que, ao contrário do «Código» de Dan Brown, nunca se vai saber a verdade por detrás dos factos. Mesmo assim, contribua, reuna a família e divirta-se no fim de semana!

quarta-feira, maio 17, 2006

OS 23 CONVOCADOS

A «Gazeta» descobriu que, apesar do aspecto rude e ultramontano, Luís Felipe Scolari também tem um bloco de notas/ diário onde aponta as ocorrências inerentes ao cargo de seleccionador nacional de futebol e tudo aquilo que lhe apraz pensar sobre os jogadores. Entre dois rotweillers, um segurança obeso e uma fotografia de bolso da Taça do Mundo, o destemido Repórter X conseguiu dar uma espreitada e encontrar as mais secretas justificações para as escolhas de Scolari.

Sobre Ricardo,
«Graças a Deus que o Gilberto [Madaíl] me obrigou desde sempre a convocar o “frangalheiro”. Como o prémio dele é conforme o que defende, sobra sempre dinheiro no orçamento da Federação.”

Sobre Quim,
«Não entendo porque é que passam o tempo todo a achar que eu não devia ter chamado o suplente do Benfica. Eu gosto de ter jogadores que jogam em quase exclusividade. Custa entender

Sobre Bruno Vale,
«Não conheço bem, mas sei que o Porto o emprestou. E isso mostra ao Vitor Baía e ao Pinto da Costa que eu é que mando nesta chafarica

Sobre Costinha,
«Como é que eu podia dispensar um “Ministro”? O rapaz não joga há mais de meio ano... Tirando o peso, só pode estar em boas condições físicas

Sobre Hugo Viana e Figo,
«Li ontem num jornal que o Hugo só jogou, numa época inteira, cerca de 30 minutos pelo seu clube. A somar à meia hora que jogou num particular da selecção, não pode estar cansado; e Portugal precisa de jogadores que não estejam cansados. Já basta ter chamado o Figo que, naquela conferência de imprensa, até parecia o Freitas do Amaral queixando-se das exigências do ofício

Sobre Maniche,
«Se o Mourinho lhe deu a mão, era eu que o ia deixar a ver os jogos na televisão

Sobre Hélder Postiga,
«Quem é o João Tomas? Procurei em todo o lado mas não encontrei. Estes jornalistas dizem que não me entendem; eu é que não os entendo. Acho que devia levar mais um ponta de lança... Boa! O Postiga talvez queira ir. Amanhã lhe ligo

São também convocados: Ricardo Carvalho, Ricardo Costa, Fernando Meira, Marco Caneira, Paulo Ferreira, Miguel, Nuno Valente, Petit, Deco, Tiago, Simão Sabrosa, Cristiano Ronaldo, Luís Boa Morte, Nuno Gomes e Pauleta.

segunda-feira, maio 15, 2006

SIDEWAYS

A «gazeta» recomenda: o melhor filme sobre vinho, amizade e mulheres dos últimos tempos: «SIDEWAYS»

Disponível, já em DVD (verifiquem algumas promoções interessantes existentes no mercado)!

Um verdadeiro filme baconiano. Onde o vinho imita a vida, ou a vida imita o vinho!...

I do like to think about the life of wine, how it's a living thing. I like to think about what was going on the year the grapes were growing, how the sun was shining that summer or if it rained... what the weather was like. I think about all those people who tended and picked the grapes, and if it's an old wine, how many of them must be dead by now. I love how wine continues to evolve, how every time I open a bottle it's going to taste different than if I had opened it on any other day. Because a bottle of wine is actually alive -- it's constantly evolving and gaining complexity. That is, until it peaks -- like your '61 -- and begins its steady, inevitable decline. And it tastes so fucking good.

sexta-feira, maio 12, 2006

KISSINGER EM PORTUGAL

SERÁ EM TRÂNSITO
PARA HAIA?
Uma Crónica do EL TERRORISTA
Henry Kissinger está hoje em Portugal, mas não em trânsito para o Tribunal Penal Internacional de Haia. A convite do «Diário Digital», vem para falar sobre o Irão e o Médio Oriente num designado “almoço-conferência". Ora, se bem me lembro, Kissinger visita-nos cerca de sete anos volvidos sobre o referendo que permitiu aos timorenses a independência do ocupante indonésio. Talvez por isso, convenha lembrar as pessoas amigas do povo timorense (que não vive, infelizmente, dias tranquilos) que foi este homem, recebido esta manhã pelo Presidente da Assembleia da Republica Jaime Gama e pelo Presidente da Republica Portuguesa Aníbal Cavaco Silva, amigo intimo do regime de Suharto na operação de ocupação daquele antigo território português, corria o ano de 1975.

Em Dezembro de 2001, estava ainda Timor bem vivo no seio dos corações lusos, o mesmo órgão de comunicação social que agora traz a Portugal Kissinger, publicava:
«Os documentos oficiais dos Arquivos de Segurança Nacional revelam de forma contundente que Gerald Ford e o então secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, foram informados pelo próprio Suharto das suas intenções horas antes da invasão. É que o ex-mandatário indonésio, sugere o texto, esteve em contacto com a Casa Branca a 6 de Dezembro de 1975, a véspera da operação.» clica
A
penas cinco anos depois, a redacção refere-se ao ilustre convidado como:
«o responsável máximo pela diplomacia norte-americana entre 1973 e 1977, durante os mandatos de Richard Nixon e Gerald Ford como presidentes dos Estados Unidos.
Kissinger foi distinguido com o Nobel da Paz em 1973, juntamente com o ministro dos Negócios Estrangeiros vietnamita, Le Duc Tho, pelo acordo que pôs fim à guerra do Vietname. Adepto da realpolitik, Kissinger foi um dos principais defensores da política de détente, que se traduziu no desanuviar das tensões entre Washington e Moscovo e, mais tarde, Pequim.»
clica

Por isto, e muito mais, convém elucidar os mais distraídos para o facto de Henry Kissinger não ser só o «Prémio Nobel da Paz 1973». Nesse ano, foi o alto responsável pelo golpe de Estado sangrento no Chile que depôs o presidente democraticamente eleito Salvador Allende. Em seu lugar, um homem da confiança de Nixon e Kissinger, o sanguinário ditador Augusto Pinochet.

Obreiro directo de quase toda a política norte-americano de finais de 60 a inícios de 80, destacada figura nos corredores do poder político e universitário ainda hoje, Kissinger é um criminoso político, ligado a ditaduras, golpes de Estado, chacinas e assassinatos. A demonstrá-lo, os arquivos de Estado norte-americano referentes aos anos 70 e obras como «The Trial of Henry Kissinger» de Christopher Hitchens.

Nalguns países do mundo, Kissinger corre o risco de ser preso. Contra ele existem inúmeras acusações de crimes perpetrados contra cidadãos de países da América Latina e da Europa. Em Portugal, pagam-lhe cachet, dão-lhe almoço, prestam-lhe reverência e ficamos a saber que os dois mais altos dignitários da nação lhe beijam a mão e ocupam parte do dia convivendo com um criminoso. O pobre Carmona Rodrigues até vai ao almoço fazer de cicerone - será que lhe disseram que era o Giulliani?

quinta-feira, maio 11, 2006

O CASO «FREITAS»

O revigorado Partido do Taxi, também conhecido por CDS-PP, de Ribeiro e Castro e Pires «Compal» de Lima anunciou ontem pretender interpelar o Ministro dos Negócios Estrangeiro Português, Diogo Freitas «Soneca» do Amaral, acerca de, aquando da visita aos Emiratos Árabes Unidos, ter apertado a mão ao seu homólogo palestiniano, membro do partido eleito democraticamente Hamas, com quem os Estados Europeus cortaram relações.

Segundo a «gazeta» apurou junto de fonte próxima do grupo parlamentar centrista, esta iniciativa surge da necessidade imperiosa do MNE esclarecer uma série de inquietações levantadas pela consumação de tal acto. A saber:
"1) porque é que o MNE apertou as mãos a um «infiel» da pior espécie;
2) será que o MNE acorreu ao lavatório mais próximo para lavar a mão;
3) porque é que o MNE declara ao Expresso que está cansado e vai confraternizar com «infiéis», incluindo os da pior espécie;
4) porque é que o MNE tende a levar sempre ao extremo as regras de conduta difundidas nos livros de «boas-maneiras» de Paula Bobone;
5) porque é que o Governo não declarou estado de quarentena para o MNE aquando do seu regresso a Portugal;
6) porque é que o MNE não cumprimenta o cristão Paulo Portas e aperta a mão a um «infiel» da pior espécie."

No final da interpelação, também apoiada pelo partido do «Pequeno» Mendes, Telmo «Gags» Correia, líder da bancada do Partido do Táxi, promete recomendar ao senhor ministro «o sono tranquilo da aposentação». Tudo em jeito de graçola, como vem sendo seu hábito desde que, na última campanha eleitoral, adquiriu a preço de saldo, numa feira do interior, um pack de cassetes audio do Fernando Rocha.

quarta-feira, maio 10, 2006

CARTA ABERTA A RONALD KOEMAN

Repórter X

Caro Ronaldo,

Quero ser, nesta carta que te escrevo, o mais sincero possível para contigo. Acho que, apesar deste casamento conturbado que te ligou ao Benfica durante quase um ano, devo-te, como benfiquista, esse obséquio. É que neste clube, apesar de alguns estranhos passarões, há gente de bem a transmitir sem truques aquilo que lhe vai na alma.

Em nome de alguns momentos bonitos que nos deste ao longo desta temporada, decidi começar precisamente esta carta com aquilo que me deu vontade de fazer no passado domingo, juntamente com milhões de benfiquistas: por sugestão de um amigo, cabia-nos patrocinar uma segunda edição da «Operação Coração», visando libertar o nosso Glorioso clube da tua presença. Na verdade, o coração pujante da águia parecia bater cada vez mais baixinho sempre que te víamos escalar um onze; deste modo, a única solução passava por nos livrarmos definitivamente de ti e das tuas tácticas «mirabolantemente» criativas.

Não leves a mal, Ronaldo, mas entre tanta desgraça, o melhor que nos sucedeu neste último quarto de época foi aparecerem os teus conterrâneos da Philips a levar-te com eles. Confesso que fiquei surpreendido com tamanha rapidez e eficácia, pelo que cheguei mesmo, na segunda feira à tarde, a reunir um grupo de ilustres para preparar a campanha. Felizmente, não foi preciso! Com o mesmo pragmatismo com que montaste a equipa que despachou os ingleses do Manchester e do Liverpool, chegou o PSV para te negociar e levar de volta à Holanda.

A esta hora, e enquanto ajeitas a roupa nas malas, apesar do sol e do calor te tentarem a um pulinho ao refúgio algarvio ou à marina de Cascais, quero que saibas que nos fizeste sofrer a bom sofrer durante estes longos meses, ao ponto de muitas vezes uma dúvida maior me assaltar: serás tu realmente um treinador de futebol? - A julgar pelo teu conterrâneo localizado a norte, pela sua idade e jeito para a poda apesar de (sabe-se lá como!) ter sido «campeão nacional», devo dizer que não te auguro um futuro radioso na área. É que, não obstante as raras excepções, não parece que a Holanda produza propriamente bons treinadores. É tudo muito à base de tulipa e sabe-se lá mais do quê... pelo menos a julgar por alguns esquemas tácticos com que nos presenteaste ao longo do campeonato nacional.

Mas, caro Ronaldo, quero que saibas que milhões não esquecerão tão depressa as noites mágicas da Luz e de Anfield Road que esta temporada legou à história do Benfica. Na verdade, nem tudo foi mau! E por isso te disse, no início desta carta, que começava pelo que de pior te tinha para transmitir, deixando este sublinhado simpático para a despedida.

Cumprimentos,

PS – Após ter ouvido o Vieira dizer que se quiseres voltar ao Benfica serás sempre bem-vindo, pelo sim pelo não, roubei-lhe a agenda. É que nisto do futebol, nunca se sabe!

terça-feira, maio 09, 2006

A UTILIDADE DE BEBER CERVEJA

Dados recentemente divulgados por empresas de auditoria a operarem em Portugal, garantem que o negócio da produção e venda de cerveja no País tem uma cota de 1,5 % no produto interno bruto e garante emprego directo a, pelo menos, mais de 1 200 pessoas.
A julgar que o vinho tenha também um relevante peso no produto nacional, e se bem que já não garanta o sustento «a um milhão de portugueses», a ingestão de nectarinas alcoólicas tornou-se, em tempos de crise, um desígnio nacional.
Face à evidência, lembrem-se que, cada vez que bebem uma cerveja há, de dentro de vós, uma atitude altruísta que se revela.
Deste modo, bebam cerveja; e contribuam para o PIB nacional!

segunda-feira, maio 08, 2006

A ÉPOCA DO BENFICA

UMA BREVE ANÁLISE
Seria difícil ver o Benfica terminar tão mal uma temporada que, apesar dos desfechos da carreira da equipa nas três competições, foi uma das mais empolgantes da sua história recente. A derrota frente ao candidato à descida Paços de Ferreira acabou por espelhar o que de pior a equipa fez ao longo da época, pondo em evidência que algo vai mal no reino da águia, começando pelas opções do treinador, pelo afastamento de alguns jogadores das últimas convocatórias e até mesmo pelo ar pouco tranquilo dos quadros dirigentes do clube.

A equipa do Benfica que iniciou esta temporada não podia ser considerada ainda o tão ambicionado, por sócios e adeptos, «ferrari» de que falou um dia Trapattoni. Não sendo um super-bólide, a equipa de Koeman era, à priori, superior em soluções e recursos àquela que o velho treinador italiano levou à glória na temporada transacta. De tal forma que, quando engrenou, o Benfica vergou o Porto, o Manchester United e o Liverpool, demonstrando que podia passar, com entrega e dedicação dos seus jogadores, por ser um autentico «ferrari».

Apesar de um arranque desastroso no campeonato, a equipa liderada por Ronald Koeman iniciaria um ciclo muito positivo, de onde se destacam jogos muito bem conseguidos (Villareal e Manchester) e as vitórias convincentes sobre o Lille (Luz), Porto (Dragão) e, numa noite inesquecível de Dezembro, Manchester United – vitória essa que colocou a equipa nos oitavos de final da Liga dos Campeões.

Após a reabertura do mercado, e quando se pensava que o Benfica de Koeman ia descolar da concorrência interna, acabou por suceder aquilo que para muitos é ainda inexplicável. A equipa transformou-se para pior, sobretudo após o jogo da Luz contra o Sporting, e apesar de aparentemente reforçada parecia incaracteristicamente desconjuntada, como se o trabalho de meia época deixasse de ter continuidade. O certo é que as piores suspeitas vieram a confirmar-se: os reforços não o eram propriamente e a sua acção na equipa parece ter destabilizado o grupo. A adiar o decepcionante desfecho da época, o Benfica
bateu novamente o Porto, fez dois jogos soberbos frente ao Liverpool (campeão europeu em título) e obrigou a dream team do Barcelona a suar em Nou-Camp após um empate conseguido na Luz, nos quartos de final da Champions.

Apesar de mais um ano de contrato, a desconfiança sobre o trabalho de Ronald Koeman é muita e o projecto encabeçado por Vieira e Veiga acaba por evidenciar lacunas demasiado evidentes para não ser alvo de um severo julgamento por parte dos sócios. Após um final de época tão cinzento, num ano em que se alimentaram as maiores expectativas, a próxima época promete mudanças substanciais no futebol benfiquista. A dúvida, e o maior temor do adepto, é se as mudanças que venham a ser operadas acabem por se reflectir nas saídas de jogadores tão emblemáticos como Simão, Luisão ou Manuel Fernandes. É preciso ter bem ciente que um deles acabará certamente por abandonar a Luz em nome do equilíbrio financeiro do clube, porém, há que lembrar aos dirigentes que esta equipa não pode ser destruída, sob pena de voltar de novo aos tristes anos do deserto de títulos.

sábado, maio 06, 2006

SORAIA E O «PADRE AMARO»

OLHO CRÍTICO
Agora que a SIC estreia a série de televisão (vai hoje para o ar o episódio dois), a bombástica Soraia Chaves explicou, em entrevista ao Correio da Manhã, os motivos que, no seu entender, fizeram de «O Crime do Padre Amaro» o maior sucesso de sempre do cinema português.
Negando de antemão que as cenas ousadas do filme tenham por si só contribuído para mais de 400 mil espectadores terem ido às salas, Soraia prefere apontar outros motivos, tais como «a polémica em torno da Igreja (…), uma boa banda sonora, uma excelente fotografia», não esquecendo «um elenco fantástico, com alguns dos melhores actores do País» bem como o facto do projecto ter «por base uma obra famosa da nossa literatura».
O certo é que, perante tamanha mediocridade cinematográfica (ou televisiva), atentatória mesmo da obra homónima de Eça de Queiroz, Soraia Chaves parece imbuída de imensa modéstia porque, na verdade, foi em grande parte devido à sua participação e às cenas «ousadas» que o filme acabou por disparar nas bilheteiras portuguesas. E quando se sublinha a sua presença no elenco não se referem propriamente os seus talentos dramáticos, sendo mesmo a própria a afirmar não se sentir ainda uma verdadeira actriz.
O fenómeno «Padre Amaro» chegou agora à televisão mas, desiludam-se os fãs de Soraia porque a série de televisão tem mais hora e meia de cenas, porém, sem direito a «ousadias» extras de «Amélia». Uma desgraça, portanto, perante o longo calvário deste televisivo «Padre Amaro» do século XXI.

___fRAsES DE SoRAIa___
«Tenho 23 anos e está na altura de me tornar independente, ainda que eu trabalhe desde os 14 anos e desde essa altura que sou financeiramente independente»
«O destaque que acabei por ter no filme surpreendeu-me»
«De facto essas cenas (de sexo) foram muito faladas mas, enquanto espectadora, acho que existem outras razões que me levariam a ver ‘O Crime do Padre Amaro’»

sexta-feira, maio 05, 2006

É A CRISE, ESTÚPIDO! É A CRISE!

A Crónica do
El Terrorista
Os vencimentos dos portugueses continuam, em média, a ser os mais baixos da Europa. Para isso contribuí o salário mínimo mais decrépito do continente, porque, vá-se lá saber como, em Portugal, há uns bons milhares de vencimentos muito acima mesmo dos de quadros de topo noutros países da Europa. Trata-se do fenómeno da “brasiliziação” que parece preocupar pouco os políticos mas que vitima a maior parte dos portugueses.

Mas, o País de hoje, já se situa (pelo menos geograficamente) na Europa e os apelos ao consumo, para lá das cargas fiscais violentas, são mais que muitos e atingem democraticamente todos, ao ponto deste «maravilhoso mundo do capitalismo» até se ter tornado «popular». Entre facilidades de crédito, pagamentos a prestações e contas-ordenado, os portugueses são autenticamente bombardeados com as tentações mais libidinosas da modernidade consumista: as velhas televisões ficaram obsoletas porque chegaram os LCD e os plasmas; os automóveis passaram a ter uma validade de três ou quatro anos porque se faz crer que passado esse tempo são despromovidos ao estatuto de «chaços»; os restaurantes económicos ficaram «démodé» porque o que está a dar é pagar muito para comer pou
co e, de preferência, à média luz para dar um ar «chique»; e, etc.

O certo é que a crise chegou e parece não estar de abalada. A comprová-lo, o sobre-endividamento galopante das famílias e a notícia de hoje, publicada no Semanário Económico, de que segundo dados do Banco de Portugal foram emitidos mais de 180 mil cheques sem provimento, no valor de 469 milhões de euros, só no primeiro trimestre deste ano. O facto pode justificar-se com o aliar da genética lusa da aldrabice à conjuntura de crise profunda que abala o País. Sem fim à vista, e perante crise e libido consumista, restam aos portugueses expedientes para continuar na moda… crédito, cheques carecas, fuga fiscal e sorte, muita sorte.

quinta-feira, maio 04, 2006

BRASÍLIA ESCALDANTE

ou O Fenómeno
Camilla Amaral
Manganancio Felgueiras
correspondente da «gazeta» no Brasil

O Brasil continua a surpreender pela positiva. Claro que não me refiro aos exílios para políticos lusos foragidos à justiça (como a minha homónima Fátima), nem às vagas de imigração para os restaurantes portugueses, nem sequer à cândida inocência de Lula no «caso mensalão».

Porém, foi precisamente devido ao mediatismo do «caso mensalão» que a Playboy brasileira foi descobrir em Brasília uma garota com potencial de sobra para ilustrar a didáctica publicação para homens. É incrível, sobretudo se pensarmos que se fôssemos a São Bento em busca de estampas para revistas masculinas arriscávamos despir a Ana Drago ou, em última instância, a Maria de Belém... Duvido que vendêssemos um exemplar que fosse (sabendo, mesmo assim, que há tarados para tudo!).

No Palácio do Planalto, a situação é diferente – e não quero entrar em polémicas sobre se há ou não em São Bento assessoras para estes propósitos; deputadas, já vimos que não! Em Outubro passado, a jovem assessora de imprensa da Senadora Ideli Salvatti do PT, fazendo jus à tradição escaldante da mulher brasileira, decidiu abandonar o sombrio mundo do Planalto que serviu durante cinco anos, e saltar de imediato para a capa da edição brasileira da revista masculina mais famosa do mundo. As fotos que envio demonstram que a rapaziada do poder perdeu, mas todo o mundo ganhou.

A garota chama-se Camilla Amaral, é jornalista, tem vinte e cinco anos e, como vêem, possuí atributos para fazer da política brasileira uma arte muito vulnerável às tentações dos «mensalões». O certo é que se a temperatura em Brasília é mesmo muito elevada, imagino que nos tempos em que Camilla se passeava pelos corredores do Poder, a coisa escaldava.

Hoje, e perante o sucesso da jornalista na capa da Playboy, Camilla refere: «Estou cuidando do meu futuro. Quero aplicar o dinheiro (ela não diz o valor) e gastá-lo com inteligência». Ao que apurámos, a sua exoneração do serviço público foi de imediato acertada para não aumentar ainda mais a temperatura no Palácio do Planalto.

quarta-feira, maio 03, 2006

RECEITA EXTRAORDINÁRIA

Era dia 12 de Abril, quarta feira. O fim de semana de Páscoa no horizonte dos deputados da Nação aclamava já bem alto. A cinco dias de descanso justificado, porque não acrescentar um sexto? Bem vistas as coisas, e com um pedaço de sorte divina (que a quadra até é propicia a tais fenómenos) pode ser que haja quórum em São Bento e ninguém venha a dar por isso.
Mas não houve, e os chatos dos jornalistas deram com a língua nos dentes. Foi a TV, os jornais, as rádios e a net em uníssono: 107 deputados anteciparam o fim de semana de Páscoa e impediram as votações em plenário.
O Jaime Gama, digníssimo e palavroso Presidente de Assembleia da República, do alto do púlpito, prometeu justiça. Abriu o regulamento e toca a multar a malta:
«178,89 euros a debitar no seu vencimento, Sr. Deputado!».

Consta que a multa se aplicará apenas a quarenta e sete deputados da Nação. Os outros sessenta trouxeram justificação. O que vale ter amigos, não é?
Moral da estória: o Sr. Ministro das Finanças vai poder lançar, no balancete das contas públicas, uma quebra de gastos com pessoal na ordem dos oito mil quatrocentos e sete euros e oitenta e três cêntimos. Nos dias que correm, é uma operação de sucesso na gestão dos parcos recursos do nosso amado Estado, não obstante vir talvez a ser considerada por Bruxelas uma receita extraordinária!

terça-feira, maio 02, 2006

PROIBIDO FUMAR

Aqui se recupera o texto de um agora membro da «gazeta», disponível também no blog Marados da Tasca. Trata-se da reedição de uma crónica deste destacado repórter, em Madrid, a qual nos parece tão actual, dado os indícios da adopção de medidas restritivas, em Portugal, ao consumo de tabaco em locais públicos.
Camaradas e amigos,

É com uma enorme tristeza que vos digo que abriu a caça ao tabagista nestas terras de Espanha. Já todos tínhamos ouvido que os tipos estavam a apertar o cerco ao bom do vício, mas isto começa a ultrapassar as medidas e já por duas ou três vezes estive para me meter no expresso e voltar para o nosso luso-paraíso atlântico. Acabado de chegar à capital dos espanhóis, após umas 15 horas de viagem nesse expresso manhoso que me orientaram em Lisboa, estava desesperado por uma bela cigarrada.
Era noite, fazia um frio do caraças; saio da carripana com a peida quadrada, dou o último trago na garrafa de escocês do Lidle e saco do maço de ventil... Levo a mão ao bolso e quando surge o isqueiro incandescente a tocar a ponta do cigarro ouço um apito ensurdecedor. Um agente da Guardia Civil, armado em chico esperto, informa-me que, se der um bafo, tem de me autuar porque não se pode fumar em instalações públicas, como terminais de camionagem ao ar livre. Raios o partam se não o mandava bugiar fosse eu um jornalista bem pago!
Acatei a ordem porque me bastava dar meia dúzia de passos para estar na rua, sítio de liberdade, local onde podia fumar tranquilamente uma valente cigarrada. E assim foi, mas, imaginem vocês, as gentes locais que passavam por mim fitavam-me com aquele olhar de desconfiança, como se estivessem perante um perigoso criminoso.
O hotel, a quase uma hora do Santiago Barnabéu (obrigadinho, ó Marados!), fica num bairro de má fama mas terrivelmente policiado. Segundo dizem, desde aquela barbaridade na estação de Atocha, a coisa roça um policiamento tipo franquista (mas longe de mim acreditar que aqueles tipos armados e fardados andassem à caça de fumadores que ousassem dar umas passas em recintos públicos fechados!). O certo é que, mal chego ao pardieiro, ou seja, ao “hostal”, o sacana do recepcionista informa-me que não é permitido fumar em qualquer dos espaços do local, incluindo os quartos. Acato a ordem com toda aquela mordacidade portuga do tipo «já te conto uma história, ó espanhuel!». Afinal, com quem julgava aquele sacanita madrileno estar a falar? Impor ordens a um profissional da comunicação português?! - «isso mesmo, ó Manuel, eu sou um colega da Maria João Ruela, do Albarran antes de ser sócio de agentes da CIA, do tipo das orelhas grandes que apresenta as notícias em Portugal. E de tantos e tantos heróis do jornalismo mundial made in Portugal!»Estive para lhe responder, contando-lhe as verídicas histórias que vivi por um mundo inteiro de proibições e repressão... Eu fumei no aeroporto de Amesterdão, que ostenta, orgulhosamente, o estatuto de «non smoking airport» ! Eu pratiquei sodomia com uma loira fantástica num hotel do Alabama, estado americano onde tais práticas podem dar prisão perpétua! Eu fumei charros no intervalo de um julgamento, em plena Boa Hora, onde me arrolaram como testemunha de um caso de atropelamento e fuga de canídeo... – o tanas, se a primeira coisa a fazer quando fechasse a porta do quarto não fosse fumar um belo de um ventil deitado na caminha. E comentei com os meus botões, «Para ti fascista espanhol, vou fumar o maço todo no quarto e espalhar-te as beatas em redor da recepção
Lar doce lar! O quarto era do piorio mas, mal senti a porta fechada, zás! Toca de matar o vício. Eu deitado na cama (uma tarimba, diga-se), cigarro a arder, o fumo a envolver-me... Parecia o nirvana! – Então não é que me batem à porta.Com bons modos, o gerente do hotel explicou-me que não podia fumar no quarto, mas podia sair à rua e saciar livremente o meu vício. Fiquei a olhar para ele uns segundos e depois disparei um chavão do castrelhano: «non comprendo». O tipo ficou rubro e começou a gesticular incessantemente. Não resisti e fechei-lhe a porta na cara, saltei para cima da cama e acendi um outro cigarro. Minutos depois, voltei a ouvir um bater na porta. De novo o gerente, mas agora acompanhado por dois polícias. Fumei mesmo o último cigarro na rua, defronte do hotel, depois de ter pago uma coima de 250 euros antes que me suspendessem a reserva do quarto.
Após um dia inteiro a cumprir a lei espanhola, comecei a salivar por uns copos e umas valentes cigarradas. Dada a inflexibilidade legal da coisa, ocorreu-me que só um local poderia valer-me tal conjugação de prazeres: um bar de strip!Superando o epicentro da «movida» madrilena, entrei num espaço mais ou menos recôndito mas de aspecto limpo e agradável. E bem servido de funcionárias, esclareça-se. Sentei-me numa mesa defronte da passerelle, pousei o maço de cigarros e congratulei-me com a minha astúcia – só um recinto fechado como um bar destes poderia permitir-me fumar e beber; parece-vos possível que as funcionárias não tentem a abordagem pelo engastar de uma bebida e de um cigarro? Num bar destes não me podem negar o direito a fumar; no fundo, o cigarro é interprete destacado neste tipo de filme!
Um funcionário aproximou-se e assentou o meu pedido, mas quando pedi um cinzeiro apontou-me as sinaléticas: Proibido Fumar. «Fascista! Não me podes negar os prazeres», pensei, já num desespero imenso. De repente, apareceu uma bela bailarina de peitos semi-descobertos que, num castelhano arrastado e cheio daquele sotaque frio do leste, se sentou a meu lado. Blá-blá-blá, e ofereço-lhe um cigarro... «Yo lo quéria...» - Não ouvi mais nada, meti-lhe um cigarro na boca ao mesmo tempo que acendi o meu. Só me recordo de dar um valente trago no balão de uisque e deixar que o fumo circulasse dentro de mim, antes de a ver cuspir o cigarro apagado e chegar um Guardia Civil à paisana para me autuar.
Por tudo o que vos conto, não aguento mais. Estou sem dinheiro, a pista Ronaldo é um valente delírio dos Marados da Tasca, e cada vez que um polícia me apanha a dar umas passas num sítio fechado (mesmo que num bar de putas) multa-me e manda-me ao Palácio da Moncloa fumar com o Zapatero.Que saudades tenho eu de Portugal, nossa terra maravilhosa!
Repórter X, Madrid, 22 de Fevereiro do ano da desgraça de 2006

AFINAL, HAVIA CRAVO!

Preparado para o seu primeiro 25 de Abril enquanto Presidente da República, Cavaco Silva garantiu à «gazeta»: «Saí de casa com o cravo, mas perdi-o pelo caminho
Segundo o próprio, a fatiota foi aprontada de acordo com o uso do cravo vermelho, porém, durante o percurso de casa para a Assembleia da República, o cravo terá caído quando o Presidente da República abriu a janela do veículo para expulsar uma pasta viscosa de gosma que o assolou repentinamente. Maria Cavaco Silva reitera a história, e afirma peremptória: «Fui eu própria que plantei o cravo no vaso da sala